Eu andei escrevendo tanto que
estou sem ideias para escrever. Há tanto a se dizer sobre nossos problemas, mas
meu problema agora é o que e como dizer. E a falta de assunto já virou post!
Sou exímia
observadora de pessoas. Eu adoro andar por aí observando pessoas, até mesmo
quando elas observam pessoas, mas não me sinto à vontade ao me sentir sendo
observada.
No último
final de semana, tive mais uma experiência observadora. Há dois anos meu carro
virou extensão da minha casa, porque é usado em todos os momentos quando não estou
em casa ou no trabalho. Mas larguei o carro em casa (por livre e espontânea pressão)
para encarar o transporte público (o paraíso dos observadores!).
Que saudades
do meu tempo de trenzão! Eu ouvia as conversas mais insanas, observava as
pessoas e, de quebra, lia muito. Agora vejo a vida passar pelos retrovisores, ô
tristeza!
Uma coisa
que eu gosto muito de perceber é o que as pessoas fazem no transporte público
para passar o tempo (já que na Grande SP se leva e média 2h para ir ou voltar do
trabalho).
Para minha surpresa (e tristeza!) o trem
estava vazio. Mas mesmo assim iniciei meu trabalho de observação, no vagão em
que eu estava havia duas pessoas lendo o novo Dan
Brown “Inferno”, eram um homem e uma mulher. Muita gente acessando o
Facebook. Muita gente ouvindo música. Pouca gente conversando. Muita gente
dormindo.
Muita mulher
de saia jeans, com meia calça grossa num frio de 10˚C. Em minha opinião
loucura, mas na realidade evangélicas. Como eu sei? Observando os estereótipos.
A gente julga uma pessoa pela aparência, não adianta dizer que não. Mas a
melhor coisa foi ver duas delas lendo, nada mais nada menos, que “50 tons de cinza” (me
surpreendi agora achando link em português criado pela editora brasileira!).
Sempre houve
uma baita discussão sobre quem seria o público deste livro. Uns dizem que são as
mulheres casadas há muito tempo e que não tem mais todo aquele sexo do começo
do relacionamento, outros que são as reprimidas que não tem coragem de fazer
sexo selvagem. Mas eu já vi muita gente ler por curiosidade, gostar e não gostar.
Confesso que eu tive curiosidade, mas ao ler a sinopse a perdi!
A leitura
e o gosto literário são pessoais demais. Eu seleciono o que leio pelas
sinopses, às vezes me arrependo, outras me surpreendo. Nem sempre estou aberta a indicações, até ouço,
mas ter coragem é outra coisa. Mas aí está a dúvida, o que os “50 tons...” têm
para atrair tanta gente? Não são somente as mulheres, são homens, gays,
adolescentes (que mal iniciaram a vida sexual)... Temos uma legião de fãs de E.
L. James por aí, com direito a trilogia literária e adaptação para o cinema!
Desde meus
tempos de faculdade, identifico Dan Brown como leitura de transporte público
por causa da febre que “O código Da Vinci”
causou. De dez pessoas que você visse com um livro, oito liam este livro. Tive curiosidade,
mas não consegui passar da primeira página.
E eu que não tinha assunto pra escrever...
Então quem anda de carro não percebeu a febre da saga Crepúsculo nos transportes públicos. Ou que “Violetas na janela” e obras da Zibia Gasparetto eram bem comuns entre os usuários dos transportes. Mas isso foi há um tempo. Hoje a maioria está ouvindo música, se isolando do mundo com os fones de ouvido... E sinta-se sortuda (o) quando eles/elas usam os fones, ao invés de compartilhar (nos obrigar) a ouvir suas músicas, transformando o vagão ou ônibus num rascunho de baile funk ou num show do Michel Teló...
ResponderExcluirE, sobre observar as pessoas em locais que somos obrigados a partilhar... Percebi que esse costume vem com o tempo, com a idade, conforme as coisas mudam...
E é isso: dessas coisas tão prosaicas e singulares (gente em locais públicos, literatura nas conduções, análises literárias, observações de tipos humanos, etc.) que surgem os assuntos para os posts. (Na verdade foi tudo culpa do seu carro... rs).
Beijos